sábado, 15 de outubro de 2011

Bancos lucram até no prejuízo e quem paga é o contribuinte


O artigo abaixo, publicado hoje pela Folha de São Paulo, é de Kátia Abreu, senadora, vice-presidente do PSD, reeleita ontem para um mandato de mais três anos à frente da CNA - Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, que reúne 2.300 sindicatos e mais de um milhão de produtores rurais.
Trechos abaixo e a íntegra pode ser lida AQUI.

"Capitalismo implica que os cidadãos e as empresas se responsabilizem por suas ações.
Lucros e prejuízos são igualmente assumidos por aqueles que realizam seus empreendimentos, fazendo determinadas escolhas.

Acontece que estamos, atualmente, vivenciando determinadas práticas capitalistas que se voltam contra o espírito do próprio capitalismo.

O mercado financeiro tem sido uma amostra disso, com supostas alegações de que bancos não podem quebrar, apesar de maus negócios feitos, e, inclusive, altos executivos ganhando vultosos salários e dividendos.

Na hora do lucro do banco, vale o mercado; na hora dos maus negócios, vale a socialização dos prejuízos.

Ressaltemos, nesse contexto, um exemplo nacional.
Os bancos brasileiros, para justificarem o alto "spread" cobrado dos tomadores de empréstimos -que faz do Brasil, sétimo PIB do mundo, o segundo colocado em taxa de juros, só perdendo para Madagascar (129º PIB)-, usam do argumento de que seu valor elevado se deve aos inadimplentes.

Ou seja, os que não pagam aos bancos, por uma razão ou outra, têm, de certa forma, o cálculo dos seus débitos transferidos para os que pagam, os adimplentes.

A situação é propriamente escandalosa, pois o banco se desresponsabiliza de um empréstimo malfeito e transfere essa responsabilidade para os que pagaram.

Se os bancos fizeram um mau negócio, deveriam se responsabilizar pelo prejuízo, não aumentando o juro dos que pagaram regularmente as suas contas.
Em vez disso, o que acontece?
Graças aos "spreads" cobrados, os bancos mantêm ou aumentam os seus lucros, pagando bônus régios aos seus dirigentes e acionistas.
(...)

O que acontece com um empresário, micro ou grande, que possui clientes inadimplentes?
Ele deve arcar com o prejuízo, podendo, mesmo, ir à falência.
Ele não pode transferir seu prejuízo aos seus clientes que pagam as contas em dia.

Os produtores rurais também enfrentam o constante descasamento de preços de venda e custos de produção, sem nenhum tipo de seguro.
Ou seja, o empresário, qualquer que seja o seu porte, urbano ou rural, arca com os riscos da sua atividade.

O mais surpreendente é que os governos não só aceitam os argumentos dos banqueiros e de seus executivos como ainda tomam decisões transferindo recursos dos contribuintes para salvar esses mesmos bancos cujos créditos podres ameaçam sua existência.

Os governantes, em nome do "bem público", extorquem do distinto público recursos que não lhes pertencem: os recursos dos contribuintes."

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